O que podemos esperar de uma equipa de pessoas quando lhes é atribuída uma tarefa desafiadora num prazo apertado? Sabendo que cada pessoa tem diferentes competências e habilidades, é bastante provável e comum que surjam alguns conflitos.
No senso comum, a palavra conflito é maioritariamente associada a algo negativo. Contudo, por vezes são responsáveis por levar a equipa a atingir resultados mais fortes uma vez que são consideradas diversas perspetivas, todas elas com o mesmo intuito: encontrar o caminho mais eficaz para a mesma meta. Por outro lado, estes benefícios rapidamente desaparecem caso o conflito se torne pessoal e os ressentimentos comecem a existir nos membros da equipa. Cada vez mais é uma preocupação por parte das organizações tentar reduzir estas formas mais prejudiciais de discórdia, porém nem sempre as estratégias utilizadas trazem resultados, instalando-se, consequentemente, preocupações maiores: a produtividade da empresa e a motivação dos seus trabalhadores. Posto isto, de que forma os líderes podem ajudar as suas equipas nesta área?
Uma das opções está relacionada com o Mindfulness, que se descreve como a capacidade de estar plenamente consciente, tanto de nós próprios como dos outros e, ainda, daquilo que nos rodeia a cada momento.
A pesquisa de Lingtao Yu e Mary Zellmer-Bruhn introduziu o conceito de Mindfulness de equipa através de um estudo de campo que relatou alguns benefícios para o contexto organizacional. Descobriu-se que quanto maior o nível de Mindfulness de equipa, menor o número de conflitos de relacionamento assim como menor propensão de que estes se transformem em algo potencialmente desvantajoso. A título de exemplo, em 1989, Phil Jackson, técnico do Chicago Bulls, acreditava que esta prática iria trazer grandes benefícios para a sua equipa, podendo levá-los a vencer mais campeonatos. Foi claro o ceticismo de alguns jogadores, incluindo Michael Jordan, porém evaporou-se assim que se viram vencedores de seis títulos da NBA. Encontramos também outros exemplos de grandes companhias que começam a instituir este tipo de programas tais como a Google, Aetna, LinkedIn e Ford, na esperança de aumentar a produtividade e a satisfação dos seus funcionários.
É de salientar que, para alcançar bons resultados ao nível do mindfulness de equipa, não é necessário, obrigatoriamente, que todos os membros tenham esta prática. Porquê? Ora, se os processos de equipa envolvem interações contínuas e influências mútuas, podemos concluir que basta o líder ou parte dos integrantes da equipa modelarem uma abordagem mais consciente, para que os restantes fiquem mais orientados a seguir o exemplo. Na prática, perante um conflito se o líder vê as tensões transformarem-se num conflito de tarefas ou de relacionamento, pode intervir encorajando os funcionários a redirecionar o seu foco para a tarefa em questão.
Atualmente, a pertinência deste assunto é cada vez maior pois é crescente o número de estímulos e distrações existentes nos locais de trabalho, sendo da responsabilidade das empresas incentivar e promover a concentração e a comunicação respeituosa que, consecutivamente, influenciarão a produtividade das suas equipas. Isso ajuda a reduzir respostas emocionais ou reflexivas, permitindo que equipas com conhecimento diversificado e diferentes habilidades alcancem um potencial maior. É exatamente aqui que o Mindfulness de equipa poderá ter um papel crucial!