Pequenos ajustes levarão a grandes mudanças?

A proposta ganha, naquele cliente tão difícil, é resultado do meu esforço?” “A má nota no exame, é devida ao azar que tive nas perguntas que saíram?” “Não vale a pena estudar, sou um zero à esquerda a matemática!”

Albert Bandura, um dos fundadores da psicologia científica, há várias décadas, referiu que um dos melhores preditores do sucesso de uma pessoa passava por acreditar, ou não, que seria bem-sucedido…! Impressionante… Parece algo tão óbvio e esta é uma das premissas que ainda hoje explica, entre outras dimensões, as diferentes predisposições individuais no continuum otimismo – pessimismo. Os “otimistas realistas” – aqueles a que Bandura se referia – acreditam que serão bem-sucedidos, mas também sabem que têm de fazer o sucesso acontecer, através do esforço, planeamento, persistência e escolha da estratégia adequada ao resultado pretendido. Não ficam à espera que o destino ou a sorte ou os astrostrabalhem por si e façam as coisas acontecerem.

Nunca como agora o otimismo nos parece tão importante.

O otimismo que aqui se faz referência é crítico e interventivo; não uma alegria ingénua, alheada da realidade e das circunstâncias que a desenham. Ser otimista é ser participante ativo na sua própria vida. É ser curioso por se autoconhecer, sempre mais; é ser reflexivo acerca dos seus comportamentos, das suas emoções, dos seus pensamentos, capacidades e limitações: “Onde acrescento mais valor?” “Quais são os meus talentos? as minhas forças?” “E o que me faz tirar o sono?” “ O que me tira o controlo do que penso e sinto?” Ser otimista é mais do que ter pensamentos positivos acerca do futuro; prende-se também com o modo como cada um perceciona e “justifica” as causas dos acontecimentos negativos que todos temos na vida. De facto, o otimista sabe que não consegue controlar tudo o que lhe acontece; acredita que, perante algo que lhe tenha corrido mal, “amanhã será melhor”, não generalizando, como o pessimista, onde “está sempre tudo a correr-lhe mal”.

E ser otimista compensa! Os otimistas têm relacionamentos mais longos; recuperam melhor de doenças crónicas; são melhor sucedidos profissionalmente; apresentam maiores níveis de energia para lidar com situações de pressão e de stress profissional… Enfim, ser otimista é preditor de melhor saúde física e mental, assim como de recursos mais adaptativos diante das adversidades nos diferentes âmbitos da vida.

Artigo escrito por Vera Fernandes.